As aldeias anexas da freguesia de Alvoco da Serra, no concelho de Seia, já lidavam com escassez de água durante o verão, mas o incêndio que devastou a região veio agravar ainda mais a situação. A junta de freguesia procura agora soluções em conjunto com o município para restabelecer o abastecimento.
O presidente da Junta de Freguesia, Carlos Belarmino Marques, explicou à agência Lusa que a maioria das localidades — cujo sistema de água é gerido pela própria junta — estava habituada a enfrentar falhas no pico do verão, devido ao aumento sazonal da população e à diminuição do caudal das nascentes. Contudo, as consequências do fogo que deflagrou a 13 de agosto em Arganil e alastrou a Seia, com particular incidência em Alvoco da Serra, deixaram a situação ainda mais grave.
O autarca sublinhou que os problemas são mais evidentes em Vasco Esteves de Baixo, mas várias aldeias ficaram também afetadas, já que as tubagens foram danificadas pela passagem das chamas. Em certos pontos, as captações de pequenas nascentes — que garantem o consumo diário das populações — ficaram inutilizadas, deixando até quatro localidades sem água.
Com os reservatórios vazios e as populações a necessitarem de lavar e limpar os terrenos em redor das habitações após o incêndio, “a situação é mais difícil”, reconheceu Carlos Belarmino, embora acredite que a normalização do abastecimento esteja próxima.
Carla Santos, presidente da mesa da assembleia da Liga dos Amigos de Vasco Esteves de Baixo, descreveu à Lusa “um mês terrível”, marcado por um fornecimento de água “muito instável”.
Na mesma aldeia, o fogo chegou a ameaçar diretamente as habitações. Ana Gouveia, empresária local, contou à SIC que a sua casa foi engolida pelas chamas. Apesar de o seu Alojamento Local não ter ardido, sofreu prejuízos significativos.